segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

VÍDEO - ORGANIZAÇÃO DE JOGO

A algum tempo gostaria de ter postado esse pequeno vídeo. Esta foi a última equipe que treinei, a qual tive o privilégio de trabalhar com excelentes jogadores e profissionais que gostaria de citar com orgulho:
 
- Eduardo Costa - Coordenador geral;
- Diego Salomoni - Preparador de Goleiros;
- Diego Alexandre Gomes - Auxiliar Técnico;
- Julian Tobar - Auxiliar Técnico;
- Marco Zambiasi - Auxiliar Técnico;
- Toco Cordeiro - Auxiliar Técnico;
- Marcelo Schimit - Preparador de Goleiros;
 
Todos estes além de colegas, verdadeiros amigos que tive a felicidade de trabalhar nesta época 2010 / 2011.
 
O vídeo mostra um pouco do que acreditava esta equipe, treinada a partir de conceitos muito especificos do que achávamos ser o melhor futebol para a formação. Dentro de critérios estabelecidos fomos gerando uma educação coletiva onde cada jogador contribuia dentro da sua individualidade, para a forma de jogar da nossa equipe.
 
Porém há quem diga que o resultado é o mais importante. De fato, sempre gostamos de ganhar e dentro desta ideia conseguimos muitos êxitos no nosso contexto, vencendo a maioria esmagadora de jogos que disputamos, sempre jogando dentro do nosso modelo. Lembro com alegria dos seguintes jogos:
 
Grêmio FBPA 3x3 EC Cruzeiro
EC Cruzeiro 1x0 Vila Nova
EC Cruzeiro 1x1 EC Juventude
Rui Barbosa 0x1 EC Cruzeiro
EC São José 1x2 EC Cruzeiro
 
Dentre outras vitórias tão importantes quanto.
 
Acredito que criamos ai mais do que uma equipe, que forma jogadores, conseguimos entrar  no espirito dos mesmos e gerar uma crença coletiva, em que como diria Ayrton Senna, o que merece ser feito, merece ser bem feito.
 






Grande abraço, em especial a estes jogadores e profissionais que participaram com valor deste projeto.

Luis Esteves
la_futeboll@hotmail.com

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

ALGUMAS QUESTÕES DA ANÁLISE DE JOGO NO FUTEBOL

Fonte: Futebol gaúcho

Coloco aqui as perguntas que acredito fazerem parte de uma boa análise de jogo. Superficial, mas em breve tentarei falar mais sobre isso e sobre o que temos feito na prática.





OBJETIVO: ENCONTRAR PADRÕES.

QUEM FAZ O QUE? QUANDO? ONDE?
 



1.      QUAIS AS MARCAS NA COMPETIÇÃO? TABELA, POSSIBILIDADES?

2.      QUEM APITA O JOGO?

3.      QUAL O PERFIL DA ARBITRAGEM?

4.      QUAL É O AMBIENTE EXTERNO?

5.      QUALIDADE DO GRAMADO?

6.      QUAL O PERFIL DO TREINADOR ADVERSÁRIO?

7.      QUAL A ESTRUTURA PRIMÁRIA?

8.      QUAL A ESTRUTURA SECUNDÁRIA?

9.      QUAL O COMPORTAMENTO COM BOLA?

10.   QUE TIPO DE ATAQUE?

11.   QUAL O COMPORTAMENTO SEM BOLA?

12.   QUE TIPO DE DEFESA?

13.   QUEM SÃO OS JOGADORES?

14.   QUEM ESTA SUSPENSO?

15.   QUEM ESTA RETORNANDO?

16.   QUEM COMEÇOU OS ÚLTIMOS 3 JOGOS?

17.   QUAIS AS IDADES?

18.   QUAIS AS ESTATURAS?

19.   QUAIS AS CARACTERISTICAS INDIVIDUAIS?

20.   QUEM SÃO OS ARTILHEIROS?

21.   QUAIS FORAM OS NÚMEROS DOS ÚLTIMOS 3 JOGOS?

22.   QUAIS OS PONTOS FORTES DA EQUIPE?

23.   COMO ANULAREMOS ESTES PONTOS?

24.   QUAIS SÃO OS PONTOS FRACOS DA EQUIPE?

25.   COMO UTILIZAREMOS ESTES PONTOS?

26.   ONDE PODEMOS GANHAR O JOGO?

27.   QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS LINHAS DE PASSE?

28.   QUEM SÃO OS RESERVAS?

29.   QUAIS MUDANÇAS OCORREM COM AS SUBSTITUIÇÕES?

30.   EM QUE ALTURA?

31.   QUAL A LEITURA DA PARTIDA?

32.   ALGUMA JOGADA DE SAÍDA DE MEIO?

33.   ALGUMA JOGADA CURTA DE ESCANTEIO?

34.   ALGUMA JOGADA LONGA DE ESCANTEIO?

35.   ALGUMA JOGADA DE COBRANÇA LATERAL?

36.   ALGUMA JOGADA DE FALTA LATERAL CURTA?

37.   ALGUMA JOGADA DE FALTA LATERAL LONGA?

38.   QUAL A REFERÊNCIA NO TIRO DE META?

39.   SAEM MAIS CURTO OU LONGO?

40.   COMO FUNCIONA A SEGUNDA BOLA?

41.   QUEM BATE FALTAS FRONTAIS?

42.   COMO BATE?

43.   QUEM BATE AS PENALIDADES?

44.   COMO BATE?

45.   ATENÇÃO EM CASO DE DECISÃO POR PENALTIS! REVISÃO DA POSSÍVEL LISTA DE BATEDORES.

46.   COMO DEFENDEM O ESCANTEIO? COMO USAREMOS ISSO?

47.   COMO DEFENDEM FALTAS LATERAIS? COMO USAREMOS ISSO?

48.   COMO POSICIONAM A BARREIRA? ESTATURAS?

49.   ONDE PODEMOS BATER?

50.   QUEM BATE?

51.   COMO BATE?

52.   ONDE BATE?




Grande abraço


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O QUARTO HOMEM

Este é um sub-princípio que utilizei bastante em ORGANIZAÇÃO OFENSIVA para concretizar uma boa POSSE DE BOLA com PROGRESSÃO em busca do gol. Parte da ideia central de criar SUPERIORIDADE NUMÉRICA em determinados locais que por ventura são mais interessantes para a nossa equipe.
 
Tem sentido fazer isso se houver ESPAÇO, e este espaço precisa ser criado através da ABERTURA do campo, que é feita pelos jogadores das extremidades da equipe. Também é fundamental haver PROFUNDIDADE para que o espaço seja gerado de forma adequada, e posteriormente ocupado pelo quarto homem.

Este jogador é simbolicamente o quarto homem por ser o quarto jogador a entrar no setor de meio campo composto por três jogadores de orígem.
 
 
Após o espaço criado, em meio a CIRCULAÇÃO, o quarto homem DESCE para a zona em que criou o espaço, e recebe a bola em situação de progressão.
 
Este conceito pode ser realizado de diferentes formas, no exemplo acima utilizei o lado da bola, mas pode ser feito no corredor central ou no lado contrário.

Um dos pontos fundamentais é o TIMING DE MOVIMENTAÇÃO para entrar desmarcado no espaço. Para isso utilizo outro conceito, o de tempo da bola. Imagine que a bola tem um tempo, e que este tempo é seguido por outro, e antes dele também existe um tempo, o ideal é estar no tempo certo, que é um momento antes, ou seja, trata-se de correr antes, e não correr mais rápido.
 
Caso o jogador não respeite isso, irá receber a bola no espaço sempre PRESSIONADO. Este é o problema de quem joga contra defesas que marcam de forma individual, ou seja, quando entram no momento da bola, acabam recebendo a bola pressionados, por isso é fundamental arquitetar as coisas pensando neste TIMING.
 
Outro ponto fundamental para o sucesso da POSSE com o quarto homem é entrar na bola com a posição certa do corpo, dividindo o campo, ou seja, se colocando numa posição em que possa enxergar quem vem de frente e quem vem de trás verticalmente.
 
RESUMINDO:
 
CRIAR O ESPAÇO
+
ATENÇÃO AO TIMMING
+
ENTRAR NO ESPAÇO
+
COLOCAÇÃO CERTA DO CORPO
=
VELOCIDADE DE JOGO
 
Este conceito é uma adaptação ao Terceito Homem que o Guardiola utilizava no FC Barcelona.
 
Grande abraço
Luis Esteves

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

BRUCE LEE E FUTEBOL

"Esvazie a sua mente, não tenha forma, seja moldável como a água.
Se você coloca a água em uma xícara,  se transforma na xícara.
Se você coloca água em uma garrafa, se transforma na garrafa.
Se coloca em um bule, se transforma em um bule.
A água pode fluir, ou pode amassar.
Seja como a água meu amigo."
 
Bruce Lee



Recentemente em uma conversa, tive a indicação deste vídeo através do professor Mauro Rocha, atual coordenador técnico do Fragata FC, clube da cidade de Pelotas, onde resido atualmente.

Trata-se de uma entrevista de Pierre Berton com Bruce Lee. Vou dispensar qualquer tipo de apresentação ao mesmo, pois acredito não ser necessário tamanha importância que teve na história através das artes marciais.

Pois bem, separei algumas frases que o mesmo coloca em meio a entrevista, frases estas que me levaram a algumas reflexões, porém sob a ótica do jogo de futebol, tentei ao retira-las do vídeo, não deixa-las descontextualizadas, ou até mesmo tendenciosas.
 
 
 

PRIMEIRA REFLEXÃO:

"Bruce Lee: Mas as artes marciais tem um significado muito, muito profundo. Até o ponto que afetam minha vida, porque como ator, como artista marcial, como ser humano tudo o que sei aprendi com as artes marciais.

Pierre Berton: Você montou uma escola em Hollywood, não? Para gente como James Gardner, Steve Macqueen e os demais.

Bruce Lee: Sim.

Pierre Berton: Porque querer aprender arte marcial chinesa, por um papel?

Bruce Lee: Na realidade não. Muitos deles... ou ao menos, na forma como ensino... todo o conhecimento conduz ao final, ao conhecimento de sí mesmo. Portanto as pessoas acudem a mim para que já lhes ensine, não a se defender, ou dar surras em alguém, e sim o que querem e expressar-se através do movimento. Seja fúria, determinação, ou o que quisermos. Assim que, o que digo, em outras palavras, é que me pagam para que lhes ensine, através do combate, a arte de expressar-se com o corpo humano.

Pierre Berton: O que é interpretar até certo ponto não?

Bruce Lee: Bom...

Pierre Berton: Ou seria uma boa ferramenta para um ator...

Pode soar muito filosófico, mas é um não atuar atuando, ou um atuar não atuando... se você...

Pierre Berton: Me perdi.

Bruce Lee: Sim? O que estou dizendo em realidade, é que, é como uma combinação de ambos. Por um lado esta o instinto natural, e por outro o controle. Tem que combinar-se em harmonia. Se você se inclina ao extremo você é muito pouco científico.

Se você se inclina ao outro, se transforma em um autômato... deixará de ser um ser humano. Se trata de combinar bem as duas coisas. Portanto não se trata de ser puramente natural, nem de ser puramente desnatural. O ideal é uma naturalidade desnatural, ou uma desnaturalidade natural,

Pierre Berton: O Ying e Yang?

Bruce Lee: Exato. Isso.
 
REFLEXÃO
 
Aqui trago para o futebol o seguinte:
 
COMO NOS EXPRESSAMOS:
 
Devido a algumas leituras que fiz sobre José Mourinho, e assuntos relacionados, fui percebendo a importância da modelação jogador-equipe, equipe-jogador, jogador-treinador, treinador-jogador, treinador-equipe, equipe-treinador, dentre outras variáveis de relações. Modelação esta que normalmente segue uma via de apenas um sentido: Treinador-jogador ou Treinador-equipe.
 
A algum tempo a palavras "contextualizar" vem sendo utilizada com certa frequência, como sinônimo de bom senso. De fato, contextualizar é importante demais, porém mais do que isso, "identificar" se torna tão ou mais importante, pois nos permite distinguir o que e como iremos contextualizar coisas.
 
Identificar o que existe, e o que emerge da junção das coisas que existem no ambiente da equipe. A partir daí, surge um determinado contexto, baseado na interferência maior ou menor das coisas que ali estão.
 
Também é necessária a identificação dos jogadores que temos, e isso vale para qualquer nível. Dentro da disponibilização destes, teremos que perceber o que cada um tem a dar para a equipe, e que benefícios e malefícios cada um, em relação aos outros jogadores e aos conceitos do treinador, irão gerar.
 
Saliento isso pois muitas vezes vi uma modelação equipe-jogador, quase feita mecanicamente, como se todos pudessem jogar da mesma forma. E isso é anti-natural. Náo é saudável gerar essa linha de expressão, onde todos tem os mesmos comportamentos. Os comportamentos devem sim seguir uma lógica coletiva, mas situados especialmente pelas caracteristicas individuais.

Muitas vezes tentamos "adaptar" determinado jogador em determinada função, retirando ou modificando a forma como ele se expressa no jogo, e isso significa variabilidade. Ou seja, cada um faz, muito bem o que sabe, e a equipe, sabe o que cada um faz muito bem. O que faz mal, a equipe esconde.

Desta forma damos liberdade para que o jogador possa se expressar de forma original, porém lógico que dentro de uma dinâmica coletiva. Esta dinâmica deve ser adaptada aos traços que o jogador apresenta. Este princípio é fundamental para a boa produção do jogador.
 
A IMPORTÂNCIA DO EQUILÍBRIO
 
Esta parte me lembrou a nossa tendência ao extremismo, baseada na nossa escolha de estilo, modelo, linha de pensamento, muitas vezes gerando um desequilíbrio. Este desequilíbrio irá gerar, normalmente, uma realidade irreal do jogo. Os sintomas são muitos:  mecanismos mecânicos, incapacidade de produzir o que foi treinado, não identificação do que foi treinado, dentre outros.
 
Bruce Lee cita o Instinto e o Controle como dois extremos de algo que deve se manter em constante equilíbrio, porém não um equilíbrio estático, e sim um equilíbrio em constante evolução, ou seja, pelo treino, o equilíbrio exigido hoje, será diferente de amanha, terá que ser cada vez mais um equilíbrio específico.
 
O Instinto natural podemos trazer para o lado da individualidade do jogador, seus traços em diferentes dimensões, e o Controle, seriam os limites conceituais do treinador para gerar uma mesma sintonia de ideias a nível coletivo.
 

SEGUNDA REFLEXÃO:

"Bruce Lee: É que, em realidade não ensino Karatê pois já não acredito em estilos. Quero dizer, não acho que exista um estilo chinês de luta, ou um estilo japonês de luta... ou qualquer outro tipo de estilo de luta... porquê teriam que existir humanos com três braços, ou quatro pernas para que existisse outro estilo distinto de luta.

Todos nós temos duas mãos e dois pés. Os Estilos tendem a separar as pessoas, pois cada um tem sua própria doutrina, e essa doutrina se converte em uma verdade inquestionável que não se pode alterar.

Se não tem um estilo se diz: Aqui estou em, como ser humano, como posso expressar-me plena e completamente?

Dessa forma não se cria um estilo, pois o estilo é cristalização. Dessa forma se entra em um processo de crescimento contínuo."
 
REFLEXÃO
 
A NECESSIDADE E A CRISTALIZAÇÃO DE ESTILOS
 
Aqui novamente me lembrei de José Mourinho, e sua capacidade de adaptação. José venceu em todas as ligas que participou, e cada jogo que propôs, a nível macro, também se diferenciou bastante.
 
O que quero dizer é que, a cristalização de um modelo acaba por nos tornar uma ferramenta fixa, ou seja, quando precisarmos de soluções diferentes, não conseguiremos, pois nosso estilo irá limitar nosso raio de decisões.
 
Por isso faz sentido o entendimento de diferentes caminhos para chegar ao sucesso no jogo, embora paradoxalmente não possamos estar toda hora modificando a nossa forma de jogar, temos que reconhecer que todos os jogos são diferentes, logo irão necessitar de soluções diferentes.
 
TERCEIRA REFLEXÃO:
 
"Bruce Lee: Para mim arte marcial consiste em expressar a mim mesmo honestamente. E isso é muito difícil.
 
Para mim seria muito fácil montar um espetáculo e presumir, inundar-me dessa sensação e me fazer de durão e tudo isso. Ou poderia fazer toda a classe de coisas falsas, entende o que quero dizer? E deslumbrar com elas, fazer movimentos muito floridos, expressar-se com toda a sinceridade, isso meu amigo, é muito difícil de fazer. E você tem que treinar.
 
Tem que manter seus reflexos em forma para que quando queira, já esteja ai! Quando quiser mover-se, você se move e quando faz isso, o faz com decisão. Não uma polegada para o lado mais ou menos."
 
REFLEXÃO
A IMPORTÂNCIA DA AUTENTICIDADE, SER HONESTO CONSIGO MESMO

Aqui vejo o problema da modelação do jogador a uma forma de jogar que não possibilite uma liberdade de expressão. É muito comum o jogador fazer o que o treinador "manda", pois precisa jogar. Jogar significa aparecer, estar na mídia, ter oportunidade, jogar contra possíveis interessados no futuro, elevar contratos, elevar estilo de vida, ajudar família, enfim, uma série de elementos rondam o "querer" jogar.
 
Portando o jogador se submete a uma mudança de caracteristica para poder jogar, e nesse momento acaba sendo desonesto consigo mesmo. Embora a adaptação deva ocorrem em via dupla, ela não pode acontecer a tal ponto do jogador perder a identidade e se transformar em outro jogador.


ENTREVISTA



Grande abraço
Luis Esteves
la_futeboll@hotmail.com

domingo, 5 de agosto de 2012

A DIVISÃO DOS MOMENTOS DO JOGO



Certa vez perguntei ao Matias Manna como o Guardiola dividia o jogo de futebol:

5. Luis Esteves: Quais são os princípios do FC Barcelona nos quatro momentos do jogo?
Matías Manna: Te cambio La pregunta. Que es jugar bien? Que El arquero se La pasa AL defensa, El defensa AL médio, El médio AL ataque, siempre com circulación y ritmo alto Del balón mediante pases generando superioridades em líneas posteriores.
Mediante esa idea, se entiende AL equipo de Guardiola. Y no hay momentos autônomos, defensa y ataque. Si atacamos bien, defenderemos mejor. Guardiola entiende El juego de uma manera global, como um todo.

Bom, a partir daí passei a refletir sobre isso e percebi que a divisão do jogo em momentos gera alguns problemas que prejudicam a qualidade do jogo, principalmente no que diz respeito a tomada de decisão, tornando-as mais lentas.

Lentas pois seguimos o princípio de que a passagem de um momento para o outro exige uma transição. Por mais rápida que seja essa transição, ela ainda assim será um momento, e por existir acarretará em uma tomada de tempo.

Ou seja, saio de 1 pra dois, de 2 pra três, de 3 pra 4 e finalmente de 4 pra 1 novamente. Isso deixa o jogo mais lento, e a velocidade é fundamental no futebol, quanto maior o nível, maior é a exigência da velocidade. Uma tomada de decisão, independente do tipo, precisa ser rápida. Por exemplo, mesmo que um jogador decida ficar parado, ele precisa perceber isso rapidamente.


LÓGICA DA DIVISÃO EM MOMENTOS


PRINCÍPIOS NORMALMENTE UTILIZADOS

Seguimos uma lógica de distribuição de critérios em cada momento, e a partir daí provocamos uma mesma sintonia de ações, etc, porém isso me parece ainda gerar um ruido na organização da equipe.
Quando entramos em um momento e jogamos conforme um princípio, perdemos um pouco de articulação de sentido. Ou seja, entramos demais no princípio, e esquecemos do equilíbrio dinâmico que a equipe deve ter ao atacar e defender. As transições estão entre esses dois momentos, as transições são as passagens de um para o outro, e podem admitir formas diferentes, há quem faça transições de uma forma, há quem faça de outra. vale lembrar que isso não é a mudança entre setores do campo, mas sim entre ter ou não a bola.
Vou dar um exemplo: Uma equipe com a bola quer posse. Um critério fundamental para ter posse e a abertura dos espaços, e isso é feito através da abertura de campo. Abre-se toda a equipe, assim facilmente os jogadores abertos entram nos espaços interiores do campo, cria-e espaço para os jogadores de meio jogarem com menos pressão, porém muitas vezes essa abertura é excessiva.

Ela não pensa na transição em sí, ou pensa pouco, ou seja, por estarem abertos demais, de forma relativamente igual ( jogadores de extremidade abertos, jogadores de profundidade abertos, jogadores de meio abertos em relação aos outros jogadores de meio) acabam tendo uma dificuldade grande no momento que perdem a bola. Por estarem vivendo demais a abertura de campo, acabam esquecendo que a bola pode ser perdida e se a abertura for excessiva, não irão conseguir fechar os espaços próximos para recuperar a bola novamente, mesmo que no momento da perda tenham uma atitude forte para tentar recuperar a bola.

É uma articulação de sentido muito sutil, em que a importância de abrir o campo, é igual a importância de onde abrir, quem irá abrir, como recuperaremos a bola se a perdermos, quem estará onde e quando. Embora numa escala de organização possamos criar uma cascata de acontecimentos, a importãncia de todos é a mesma, aproveito para citar uma frase do Jorge Maciel citando Henry Laborit - 1971: “a morte do organismo implica a do órgão, mas o mais vulgar é a morte do órgão implicar a morte do organismo.”

LÓGICA COMUM - PEDAGÓGICA - DO JOGO DE MUITAS EQUIPES


"¿Qué es jugar bien? El arquero se la pasa al defensa,
el defensa al mediocampo, el medio a los delanteros.
Todo con buen ritmo de circulación de balón
y encontrando superioridades en las líneas posteriores.
 Eso es jugar bien. Sin más. No hay secretos."
MATÍAS MANNA
UMA ORGANIZAÇÃO MAIS CAÓTICA

Embora a utilização de imagens seja nociva ate certo ponto, acho a ilustração válida. É uma necessidade humana definir, conceitualizar para poder entender e prever acontecimentos.

Por isso acredito que de uma forma geral a busca pelo jogar bem ocorre sim na escolha de que princípios iremos escolher para gerar uma determinada forma de jogar. Estes inavitavelmente serão modelados e irão causar modelação aos principios maiores. Ainda estou refletindo sobre isso mas acredito que tudo parte de como queremos ter a bola. A partir daí, geramos uma serie de acontecimentos prováveis, porém não de uma forma linear, ou previsível numericamente. Por exemplo, se queremos ter posse, controlar o jogo, se queremos o protagonismo do jogo, teremos que ter determinados critérios, e estes irão ter sub-critérios, ou sub-princípios, e assim por diante em escalas cada vez menores. Já se queremos ter a bola, mas não com tanta posse, teremos outras coisa, e se não quisermos ter a bola quase nunca, teremos outras. Logicamente que isso em interação  com outros elementos fundamentais, como competição, adversários, torcida, mídia, etc..


Em resumo acredito que a passagem entre momentos retira da equipe alguns preciosos segundos. Em alguns contextos estes segundos representam a diferença entre o primeiro e o segundo colocado.

Grande abraço a todos
Luis Esteves

domingo, 29 de julho de 2012

O REFLEXO


Fonte: Desconhecida

O CONHECIMENTO

"Aquele que conhece o inimigo e a sí mesmo,
não correrá perigo algum em cem confrontos;
Aquele que não conhece o inimigo, mas
conhece a sí mesmo, será por vezes vitorioso
e por vezes encontrará a derrota;
Aquele que não conhece o inimigo e tampouco
a sí mesmo, será invariavelmente derrotado
 em todos os confrontos."

Sun Tzu - A Arte da Guerra
 A COMBINAÇÃO

 "Não há mais que cinco notas fundamentais,
mas combinadas produzem mais sons do que
é possível ouvir;
Não há mais que cinco cores primárias, mas
combinadas poduzem mais sombras e matizes
que é possível ver;
Não existe mais do que cinco sabores, mas
combinados produzem mais gosto do que
é possível saborear"

Sun Tzu - A Arte da Guerra

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JOGAR COMO EQUIPE?

O que é mais importante numa equipe? José Mourinho diria que é jogar como equipe, pois bem e o que pode ser considerado jogar como equipe?

Para mim isso se resume ao seguinte: uma equipe que joga como equipe é a que reflete seus jogadores, e os jogadores refletem a sua equipe.


 
Refletem pois apresentam em seus traços em campo partes da equipe, e a equipe apresenta em campo traços dos seus jogadores. É utilizar o que tem de melhor, independente de conceitos, e esconder o que tem de pior. Ou seja, é uma relação micro-macro coerente.

É potencializar ao máximo determinada ação a ponto de ter alguma previsão, a ponto de torna-la um fator desequilibrante no jogo antes mesmo do jogo acontecer, porém ao mesmo tempo sem tornar isso linear a ponto de, caso não aconteça como planejado, torne-se este um dispositivo de desespero. É gerar um ambiente favorável ao acontecimento de determinado comportamento.

A PRÁTICA DA TEORIA OU A TEORIA DA PRÁTICA

Muitas vezes as ideias do treinador são concebidas antes da equipe jogar, nascem em um ambiente artificial, numa dimensão ideológica que em grande parte das vezes acaba por castrar  parte dos  traços de determinados jogadores. Isso ocorre por vezes com conceitos, princípios, estruturas.

É um jogo de quebra-cabeça o que o treinador joga ao montar uma equipe, e a imagem que este quebra cabeça poderá formar nem sempre será a imagem que o treinador gostaria, porém pode e deve chegar perto. É uma espécie de equilíbrio entre conceitos e caracteristicas, onde cada um terá algo a perder a algo a ganhar, e neste caso a sensibilidade é o mais importante buscando sempre o sucesso da equipe, e este dependerá do sucesso dos jogadores.

FORMAS DE JOGAR

Além disso conhecer diversas formas de jogar ajuda. Morre na casca quem pari uma forma de jogar antes de "ver jogar". O proprio jogo nos coloca as pistas, porém pra enxergar é preciso saber que existe. Esta realidade em equipes profissionais é um fato. Poucos, muito poucos podem adaptar todo um contexto, ou escolher com que jogadores contar.

Já dizia Xavi em entrevista ao cidade do futebol que em determinado momento da formação no FC Barcelona, aprendia-se a utilizar o que os companheiros tinham de melhor, dar o passe na perna favorável. Sun Tzu também ja dizia "Um hábil empregador de homens usará o prudente, o bravo, o cobiçoso e o burro. Pois o prudente terá prazer em aplicar seu mérito, o bravo sua coragem em ação, o cobiçoso é rápido em tirar vantagens e o burro não teme a morte".


Grande abraço
Luis Esteves
la_futeboll@hotmail.com



sexta-feira, 27 de julho de 2012

RETORNO

Bom dia a todos que entram neste espaço em busca de alguma coisa.

Peço profundas desculpas pela demora em atualizar, porém algumas coisas importantes tem me permitido publicar menos coisas, dentre elas tempo, lacunas de conhecimento, assuntos, ideias, etc.

Porém este blog não morreu, e nem vai. faço questão de levar este espaço por ainda muitos anos, de proporcionar coisas que nem eu mesmo sei ainda, mas que tenho certeza que irão nascer, para pessoas que buscam conhecimentos, opiniões, experiências no futebol de base e profissional.

Quero deixar este recado como marca de que em breve voltarei a atualizar com frequência, mas ao mesmo tempo com naturalidade, dando muito mais valor a qualidade do que a quantidade.

EXERCÍCIO
Créditos ao professor e amigo Martinho Inácio, atual preparador físico do EC Pelotas, pela idealização,  com pequenas adaptações minhas.

O exercício acima utiliza o mesmo 4x1 de exercícios anteriores. A variação esta nas trocas de campo, que podem ser feitas de formas diferentes, como pelo tempo e sinal do treinador, pela quantidade de passes trocadas, pelo desarme, tudo irá depender do objetivo.
Ou seja, após determinado objetivo atingido, o jogador que esta no centro do campo, ou um de fora caso erre, troca de campo, em sentido horário.
Grande abraço a todos.
Luis Esteves