sábado, 14 de maio de 2011

O NASCIMENTO DE UM MODELO


"Cuando yo llegue al Barça en el 88, el Madrid tenía el que para mí ha sido su mejor equipo en los últimos 40 años. La Quinta del Buitre. Llegué y llevaba tres ligas consecutivas. En Barcelona todos lloraban. Los árbitros tenían la culpa de todo. Madriditis, al fin y al cabo. Ellos eran mejor y, claro, ganaban. Lograron dos títulos mas, pero nosotros fuimos creciendo. Soportando que ellos fueran mejores, pero creciendo. Hasta que un día, jugando tan bien como ellos o incluso mejor, les ganamos. El Dream Team contra la Quinta.

Ganamos cuatro ligas consecutivas, pero ellos seguían siendo muy buenos. Y pudieron ganar dos de aquellas ligas. A un equipo fantástico, por muy fantástico que sea, lo puedes llegar a vencer jugando bien. Pero si eliges el camino equivocado, te puedes quedar sin nada."

Johan Cruyff
El Periódico
 

Todo nascimento é dolorido, o processo de nascer exige uma luta terrível da mãe para com o bebê para que este venha a nascer, o tempo é relativo demora mais para uns menos para outros, porém é sempre difícil, mas se houver paciência, se houver superação, e se o processo for respeitado, a criança nasce, cresce e tem sua vida, porém alguns morrem no parto. As vezes inclusive a mãe.

Para mim esse processo da natureza se dá também em organizações, em equipes de futebol, quando você estabelece um novo conceito, existe o nascimento deste, e se nas primeiras dificuldades, nos primeiros problemas, dores, desistirmos, o modelo morre na casca. Eis o problema dos valores. Eis os problemas dos diretores.

Gosto muito da hipótese do Garganta sobre a progressão dos modelos, e realmente acredito que elas sigam este caminho:
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MODELO RUDIMENTAR
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- Jogo estático, não orientado, jogadores centrados sobre a bola, excesso de verbalização.

- Os jogadores perseguem indiscriminadamente a bola, aglutinando-se sobre ela;
- Dificuldades na relação com a bola (Domínio, Controle, Proteção, Passe... etc.);
- Utilização sistemática da visão para olhar a bola, impossibilitando a "leitura" do jogo;
- Imobilismo dos jogadores sem bola, excesso de verbalização;
- A circulação da bola não é voluntária;
- Sucessão de ações isoladas e explosivas sobre a bola.

MODELO INTERMEDIÁRIO

- Jogo estático, orientado, jogadores centrados sobre o passe.

- Ocupação mais racional do terreno de jogo, embora pouco eficaz, pois é pouco móvel, estático;
- Existência de blocos de jogadores estáticos que trocam passes entre si;
- A visão (Central e Periférica) vai sendo aos poucos "libertada" para ler o jogo;
- Todo o encadeamento de ações necessita de uma paragem Bola-Jogador;
- Pouca agressividade ofensiva.

MODELO AVANÇADO

- Jogo dinâmico, orientado, jogadores centrados sobre a finalização - Gol

- Jogadores organizados em funções de finalidades diferentes;
- Agressividade ofensiva;
- O portador da bola joga de cabeça levantada para "ler" o jogo;
- Alternância do jogo em largura e profundidade;
- As ações são organizadas em função dos alvos – goleiras;
- As ações são encadeadas;
- Privilegia-se a Comunicação Motora, em detrimento da Gestual e Verbal. 

A questão é, respeitamos este processo? A metodologia nos possibilita os métodos, e os métodos vão nos deixar mais ou menos tempo em cada um destes níveis de modelo. Inevitavelmente iremos cair na questão do tempo e do resultado, os cânceres do nosso tempo.

Ah, mas alguns preferem a cesariana, mesmo que o parto normal seja em termos percentuais muito mais seguro para a mãe e para a criança.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

GARGANTA, J; Competência de ensino de jovens futebolistas. Universidade do Porto/ Faculdade de Ciência do Desporto e Educação Física. Rev. Digital, ano 8, fev. 2002.

Um comentário:

Gilson disse...

Luis, não cheguei a ler todo o post, mas hoje tive uma palestra com o coordenador do voleibol do GNU que me remeteu ao que discutíamos outro dia no Passo D'Areia: o modelo para melhor desenvolvimento do jogo junto às crianças/adolescentes será o mesmo modelo para agradar a diretoria e quem financia este processo?? Segundo o professor (e falhou o nome dele agora), o UNIÃO passou por um grande problema em 2005 qnd o voleibol tentava renascer ali e a diretoria exigia títulos de imedianto, enquanto que os profissionais pediam uma construção condizente com a realidade.. notamos que a exigência pelo imediato não é só aqui no futebol