sexta-feira, 30 de abril de 2010

HÁBITOS

"Lá preparacíón física no existe."

Paco Seirulo
Preparador desportivo do FC Barcelona




Hábitos, segundo o Professor José Guilherme Oliveira:

Os Hábitos são atalhos criados pelo cérebro através de estruturas especializadas, gânglios basais. Essas estruturas conseguem dar respostas imediatas, perante determinadas situações, assim que determinado tipo de sensações comecem a despertar essas estruturas. Esta forma de funcionamento do cérebro, cujo objectivo principal é poupar tempo, só funciona quando o cérebro já experimentou essa ou semelhante situação e a gravou com Hábito.

McCrone, 2002

Os Hábitos resultam de conhecimentos que foram criados através das experiências que ficaram gravadas nas memórias e que vão ser utilizadas para se decidir e reagir rapidamente perante determinada situação.
Damásio,2000

Os trabalhos de Haggard (2000) demonstram que o cérebro se prepara para executar os movimentos muito antes de sentir conscientemente vontade de executar o movimento. Através dos hábitos o tempo de decisão e respectivas reacções podem ser reduzidas de 500 para 200 milésimos de segundo.

McCrone, 2002

Como referem vários autores (Libet, 2000; Haggard, 2000; Gasaniga, 2000; Damásio, 2000; Greenfield, 2000; McCrone, 2002) as acções e as decisões que se tomam diariamente, que até parecem ser conscientes e instantâneas, são na realidade o resultado de processos subconscientes ocorridos no cérebro.

Como criamos os hábitos?

Com exercícios específicos, que vão ao encontro do modelo de jogo, tornando pequenos gestos e decisões em determinados momentos, hábitos.

Exemplo de exercício, gerador de hábitos relacionados a criação de linhas, passe diagonal e frontal:





A "repetição sistemática" dos conteúdos, sejam eles de que escala forem, promove hábitos relativos à identificação do «jogar» pretendido pelo treinador, nos diferentes momentos do jogo. O jogador, ao adquirir determinado comportamento, pela habituação, ou se preferirmos, familiarização com o que se está a suceder, vai proporcionar a criação de um "saber sobre um saber fazer, que se adquire na acção" (Frade, 2004). Sendo que, o "saber fazer" é do domínio inconsciente e este "saber sobre o saber fazer" é emergente de um processo de aprendizagem consciente, resultante de um hábito que se adquire através da prática – o «treinar» (Gaiteiro, 2006).

Sousa, 2007

Os processos inconscientes dimanantes da aquisição de hábitos resultam num factor de economia do cérebro e prontidão para a resposta.«Como a esfera fundamental do saber fazer é de domínio não consciente e ohábito é um saber fazer que se adquire na acção, o treinar – a aprendizagempela repetição – é um processo de construção do ser capaz de jogar em que osaber adquirido é dominantemente património do não consciente» (Resende etal., 2006, 129). Uma repetição sistemática dos princípios organizadores dejogo, em jogo ou situações que sejam da mesma família, que possibilitem a emergência de padrões de jogo reconhecíveis pelos jogadores e quepromovam a transferência e organização do conhecimento em imagens mentais adaptadas de foro não consciente.

Talvez empiricamente ou não, Mourinho sabe que a educação táctica dos seus jogadores é o elemento mais importante para a sua equipa ter sucesso. Tem as suas ideias sobre a forma como os jogadores devem evoluir no terreno, mas é necessário que cada um saiba desempenhar as suas funções e tarefas de “olhos fechados”, isto é, de forma não consciente, regulare circunscrita numa dinâmica de grupo congruente. Após a aquisição destes hábitos tudo é mais fácil!

Gaiteiro, 2006

Os hábitos são os grandes geradores da velocidade coletiva, que nada mais é do que a velocidade da bola, por isso não se deve perder tempo com exercícios que criam apenas adaptações fisiológicas. Pois estes irão gerar outro tipo de hábitos, um deles, por exemplo, é o de querer correr mais que a bola...

São Pedro - SP  e Três Coroas - RS - 2005

Grande abraço

Luis Esteves


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SOUSA, T. M. T. (2007). Paredes ou pontes. A solidão ou a boa companhia… A vitalidade do(s) princípio(s) metodológico(s) da “Periodização Táctica”. Porto: T. Sousa. Dissertação de Licenciatura apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

SANTOS, J. M. (2009). A Intervenção do Treinador no Futebol de Formação. Estudo de Caso com a Professora Marisa Gomes nos escalões de Escolas e Infantis no FC da Foz. Dissertação de Licenciatura. Porto: FADE-UP.

GAITEIRO, Bruno RIcardo Valente Nunes; A Ciência oculta do sucesso: Mourinho aos olhos da ciência. Trabalho monográfico realizado no âmbito da disciplina de Seminário, ministrada no 5.º ano daLicenciatura em Desporto e Educação Física, opção de Futebol da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, sob orientação do Dr. Vítor Frade.

OLIVEIRA; José guilherme; Periodização Táctica - Um modelo de treino - Universidade do Porto - Porto - Portugal. Sem data.

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