O mais importante na defesa (...) é ser capaz de «virar o feitiço contra o
feiticeiro», ou seja, é conseguirmos, mesmo sem ter a bola, mandar no jogo.”
J. Garganta
CONTINUAÇÃO DA SÉRIE: NARRAÇÃO BRUNO PIVETTI - (AGRADEÇO A AUTORIZAÇÃO (POSTERIOR) DO RELATÓRIO AO PROFESSOR BRUNO).
TREINO 3: 15/03/06 - QUARTA-FEIRA
Conforme o princípio da alternância horizontal em especificidade, o treino deste dia implicou em um regime menos descontínuo. Sendo assim, podemos dizer que o padrão de contracção muscular dominante cresceu em duração e diminuiu em termos de velocidade e tensão. Os jogadores, nesta altura, já se encontravam recuperados física e mentalmente do jogo do fim-de-semana, o que viabilizava a execução de exercícios que exigiam um alto grau de concentração. As actividades propostas foram realizadas em espaços mais amplos, duração mais alargada, maior número de jogadores implicados, o que propiciou, desta forma, uma vivenciação dos grandes princípios do modelo de jogo proposto pelo treinador.
No caso específico deste treino, os exercícios privilegiaram a organização defensiva e ofensiva colectiva. Alguns dos aspectos principais trabalhados nesta sessão de treino foram a sincronização ofensiva da equipa com esta em posse de bola, o comportamento defensivo na saída de bola com a equipa sofrendo o pressing alto zonal, pressing alto zonal por parte da equipa que não detinha a posse de bola, acertos posicionais com relação ao sistema utilizado pelo treinador (1-4-4-2, com a formação de um losango no meio de campo), dobras e circulação de bola, por exemplo. As ditas técnicas básicas (passe, recepção, desarme, finalização, cruzamentos, domínio da bola, drible, etc) inerentes ao futebol foram treinadas no contexto táctico.
Esta unidade de treino pode ser caracterizada como um regime de dinâmica específica, pois o trabalho de alicerces de organização defensiva e ofensiva, a transição ataque-defesa, a transição defesa-ataque – e sua articulação, exigiam um alto grau de concentração aos jogadores, fazendo com que os mesmos assimilassem de forma específica aquilo que teriam de fazer em termos defensivos e ofensivos no jogo propriamente dito.
No microciclo semanal de treino esta unidade pode ser considerada como a mais desgastante, dado o cansaço mental-emocional provocado pela complexidade decisional das acções no vivenciar dos grandes princípios de jogo.
Infelizmente neste treino cheguei 15 minutos atrasado por perder a boleia do Professor Guilherme por um descuido momentâneo. Tive que ir ao centro de treino de metro e camioneta. Sendo assim, não pude acompanhar os exercícios de aquecimento realizados neste dia.
Infelizmente neste treino cheguei 15 minutos atrasado por perder a boleia do Professor Guilherme por um descuido momentâneo. Tive que ir ao centro de treino de metro e camioneta. Sendo assim, não pude acompanhar os exercícios de flexibilidade iniciais realizados neste dia.
Este exercício visava principalmente o treino de circulação de bola tendo em vista os fundamentos de passe, recepção e domínio de bola. Os aspectos tácticos trabalhados foi a realização de tabelas no meio campo, tendo como pano de fundo o modelo de jogo estabelecido pelo treinador. Teve-se o cuidado de trabalhar a bi-lateralidade, sendo exigido dos jogadores que estes fizessem o exercício no sentido horário e anti horário.
Assim, um losango era demarcado através de discos e duas estações iniciais eram demarcadas na linha de cada ponta do losango. Os jogadores posicionados na estação inicial realizavam passe para os que estavam alocados na ponta do losango, estes recebiam a bola e giravam para efectuar o passe para o companheiro posicionado na extremidade do losango (foi realizado passe em um primeiro momento para a extremidade direita e em um segundo momento para a extremidade esquerda). Os atletas posicionados na extremidade executavam o passe em direcção ao centro do losango para que os jogadores da ponta pudessem vir de encontro com a bola, estes ao encontrar com a bola no centro do losango à lançavam, em profundidade para o atletas da extremidade que agora iriam se posicionar na segunda estação inicial. Concluindo, portanto, uma tabela entre os jogadores das estações da ponta e da extremidade do losango. Os jogadores realizavam sempre um rodízio entre as estações demarcadas através dos discos. A ordem era: primeira estação inicial – ponta do losango – extremidade direita/esquerda do losango – segunda estação inicial.
Flexibilidade:
Na fase de recuperação dos jogadores aos exercícios anteriores, Raul conduziu exercícios de flexibilidade, a execução dos mesmos teve duração de aproximadamente 3 minutos. A realização do alongamento estático tinha duração de 20 a 30 segundos por exercício.
Grupo muscular alongado:
• Posterior de coxa (membros em total abdução com as mãos tocando se possível o solo através de uma flexão de tronco);
• Tríceps sural e posterior de coxa (perna estendida e pés em dorsiflexão acentuada; mão correspondente à perna estendida segurava o pé em flexão dorsal; a outra perna se encontrava semi-flexionada);
• Abdutores e Adutores;
• Quadríceps (contacto de um joelho com solo; outra perna em posicionada em 90º fémur-tíbia, com os pés apoiados no chão; a mão segurava o pé correspondente a perna que tinha a articulação do joelho apoiada no chão).
Orientação do treinador aos jogadores em relação à segunda parte do treino:
Introdução aos jogadores a respeito do início do trabalho de dinâmica específica. Esta orientação teve uma duração de aproximadamente 4 minutos.
Segundo Exercício:
Este exercício, essencialmente tinha por objectivo a sincronização da equipa e o seu posicionamento/comportamento quando em posse da bola. Foi preconizada a táctica de organização ofensiva neste treino posicional. Ainda, as jogadas em profundidade, o cruzamento à área, penetração de jogadores e finalizações foram treinados em perspectiva da táctica ofensiva empregada pela equipa.
Foram formadas duas equipas de jogo, actuando estas, uma em cada metade do campo. Em uma metade o Professor Guilherme foi quem conduziu o treino, na outra o Professor Paulinho Santos é quem tinha a incumbência de orientar os jogadores. Como haviam apenas 19 jogadores treinando, o Professor Raul ocupou a posição de defesa direito de uma das equipas.
Como não poderia ser diferente a equipa era disposta de forma aberta a fim de ocupar com máxima eficiência toda a largura do campo de forma a facilitar as jogadas pelas laterais de campo.
Muitos erros de finalização foram observados e os jogadores ao final foram repreendidos quanto a qualidade observada nesta unidade de treino.
Organização ofensiva, Organização defensiva, Transição ataque – defesa, transição defesa – ataque, com confronto de duas equipas.
Terceiro Exercício:
Tal exercício tinha por principal característica o trabalho de dinâmica específica de jogo, por este motivo era de vital importância a total concentração dos jogadores em todo momento da actividade. Os jogadores foram divididos em duas equipas de dez jogadores (novamente Raul assumiu a posição de defesa em uma das equipas dado o número impar de jogadores no treino). Havia uma equipa preocupada em realizar a transição defesa – ataque e outra tinha por objectivo retomar a posse da bola através do pressing alto zonal. Sendo assim, uma equipe em posse de bola deveria sair para o jogo estando sobre pressão constante e a outra deveria retomar a posse de bola e efectuar a finalização quando possível. As duas equipas foram organizadas segundo o sistema de jogo 1-4-4-2 em losango. Podia-se observar que quando a bola era colocada no meio, o losango da equipa que não detinha a posse de bola, esta se fechava realizando um pressing zonal no pivô da equipa adversária. O trabalho de circulação de bola era constante com sucessivas viradas de jogo e passes a longa distância.
Quando a bola estava na lateral de campo, cabia ao jogador do meio decidir ou não pelo pressing porém não se podia deixar que a bola fosse passada para frente. Já que se a bola fosse passada ao meio, uma dobra era passível de ser realizada.
Esta actividade teve duração de aproximadamente dez minutos.
Nova orientação do treinador:
O treinador agora transmitiu informações aos jogadores a cerca do segundo exercício essencialmente de dinâmica específica a ser realizado. Esta foi uma orientação relativamente rápida pelo exercício ser semelhante com o último executado.
Quarto Exercício:
A actividade referida, como a última executada nesta sessão de treino, era de carácter essencialmente de dinâmica específica, sendo requerido, ainda, um alto grau de concentração por parte dos jogadores. Diferente do outro exercício, agora a posse de bola é da equipa que se encontra no sector ofensivo de jogo (equipa azul). Cabia a equipa que estava na zona defensiva retomar a posse de bola (equipa amarela).
Assim, a equipa azul primava pela circulação constante da posse de bola e se posicionava no terreno de jogo de modo bem aberto, ocupando toda largura do campo afim de facilitar as infiltrações pelas laterais no adversário. O objectivo era finalizar ao golo quando possível. À equipa amarela restava fechar-se no campo defensivo e realizar o pressing zonal para retomada de bola.
Este exercício também durou cerca de dez minutos e as equipas tinham dez jogadores, com os adjuntos Paulinho Santos (defesa direito) e Raul jogando (extremo direito) para cada uma das equipas. A equipa azul iniciava o jogo com a posse de bola através do guarda-redes, obrigando este a saber como jogar com os pés.
Parte Final:
Treino de flexibilidade. Execução de alongamentos passivos, através do auxílio dos companheiros. Trabalho de abdominal (recto e oblíquo) e de lombar. Alguns jogadores também executaram flexão de braço. Início: 17:11 e fim às 17:30.
Abraço
Luis Esteves
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFIGA
PIVETTI, Bruno Marques Fernandes; RELATÓRIO DE ESTÁGIO NOS JUNIORES DO FC PORTO - ESCALÃO SUB 20-A - Ministrado pelo treinador José Guilherme Oliveira. Porto - Portugal. 2006
2 comentários:
Perfeito. Muito enriquecedor. Aguardo para ler os outros dias.
Um abraco!
Antes de mais parabens ao prof. José guilherme, que dentro dos treinadores (poucos,no mundo conta-se pelos dedos das maos)daqueles que para alem da conceptualização sabem operacionalizar todo o processo de treino segundo os principios deste tipo de Preiodização e que por sua vez deixa que o seu trabalho seja observado e publicado. De realçar QUE ESTE MORFOCICLO É APENAS UM EXEMPLO DE OPERACIONALIZAÇÃO DE UM TREINADOR COM BASE NAS SUAS IDEIAS DE JOGO (PADRÕES COMPORTAMENTAIS)A POTENCIAR ATRAVES DOS EXERCICIOS ESPECIFICOS AOS SEUS JOGADORES (DE CARACTERISTICAS ESPECIFICAS)LOGO NAO "TRANSPORTAVEL" PARA OUTRAS EQUIPAS.
CONCEPTUALIZAÇÕES DE MODELOS COMPORTAMENTAIS DIFERENTES = OPERACIONALIZAÇÃO DIFERENTE EM FUNÇÃO DOS MESMOS (principos de jogo)
bom trabalho- um abraço
Ricardo Candeias
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