segunda-feira, 28 de março de 2011

POSSE TOTAL


"Eles apenas são exímios em fechar espaços e em tirar a bola do adversário, sem a necessidade de trombar."
Falcão
Zero Hora
Hoje irei reproduzir a coluna de Paulo Roberto Falcão, do jornal ZERO HORA, do dia 13 de Março de 2011, na qual este cita o FC Barcelona e sua filosofia de jogo frente ao Arsenal pelas oitavas de final da liga dos campeões da UEFA.


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PAULO ROBERTO FALCÃO
ZERO HORA
13 DE MARÇO DE 2011

POSSE TOTAL

Os holandeses de 1974 assombraram o mundo com o futebol total do técnico Rínus Michels, um esquema de jogo revolucionário, com jogadores sem posição fixa, circulando pelo campo, fazendo pressão e utilizando a linha de impedimento como arma defensiva. O chamado carrossel holandes foi uma ideia inteligente, nascida num pais de pouco mais de 15 milhões de habitantes, sem grande tradição futebolística. Pois agora, ao que parece, estamos presenciando outra revolução, protagonizada pelo Barcelona do técnico Joseph Guardiola e que pode ser resumida também em duas palavras: Posse Total.

Essa característica ficou evidenciada no último jogo do time catalão pela Liga dos Campeões, contra o Arsenal. Foi o colunista do jornal Lance, André Kfouri, que melhor registrou o fenômeno num artigo intitulado Não Chutarás. No texto ele desdobra com dados estatísticos um registro que já havia chamado a atenção de todos que viram o jogo - o tempo de posse de bola do Barcelona.

Contra o Arsenal, os companheiros de Messi estiveram com a bola nos pés 68% do tempo. Isso que o Arsenal lutou muito para retoma-la. No jogo de ida em Londres, o Barça já havia feito algo semelhante, ficando com a bola durante 61% do tempo, mesmo na casa do adversário. E contra o Rubin Kazan, na fase de grupos, os catalães estiveram com a bola 74% do tempo - uma coisa extraordinária.

E o dado assombroso não é exatamente a posse de bola, mas a sua consequência: O Arsenal não chutou uma só vez no gol do Barcelona. Não chutou mesmo, nem da direção do gol, nem por cima, nem pelos lados. Simplesmente não teve oportunidade de ataque.

Na sua pesquisa, André Kfouri constatou ainda que no segundo jogo das semi-finais da Liga dos Campeões do ano passado, a Inter de Milão deu apenas um chute no gol do Barcelona. E era a Inter, com todo o seu poderio.

O Arsenal marcou um gol contra o Barcelona, mas foi contra.

VOLANTES

O curioso desta equipe do Barcelona que se apossa da bola e quase não deixa mais o adversário tocar nela é que joga com apenas um volante. Significa que um bom esquema defensivo não precisa ter três ou quatro volantes, como muita gente ainda defende por aqui. O Barcelona tem três atacantes (Messi, Pedro e Villa) e três jogadores de meio campo, mas Iniesta e Xavi não são marcadores títpicos. Eles apenas são exímios em fechar espaços e em tirar a bola do adversário, sem a necessidade de trombar. E quando o Barcelona retoma a bola, troca passes, avança na direção do gol adversário com paciência e objetividade.

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ALGUMAS CONCLUSÕES

- Não são necessários muitos defensores para defender bem, porém o ideal é ter muitos jogadores defendendo, por questões básicas de superioridade numérica na zona da bola.

- Não é necessário estar sem a bola para se defender, será que a posse e circulação da bola não é também um mecanismo defensivo?

- Não é necessário ter jogadores exclusivamente defensivos, toscos, ou sem qualidade técnica para compensar jogadores menores com qualidade, é necesário sim ter uma linguagem coletiva, com liberdade para o aparecimento das individualidades.
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Grande abraço
Luis Esteves
la_futeboll@hotmail.com

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