Estudo relacionado a intensidade de jogos, treino em espaço reduzido e o tradicional coletivo, simulando o jogo. Os gráficos abaixo evidenciam, segundo a conclusão dos autores que fisiologicamente o jogo coletivo não proporciona ao atleta o mesmo tipo de esforço que irá acarretar o jogo oficial. Sendo que o treino em espaço reduzido gera uma adaptação fisiológica muito próxima a representada pelo jogo oficial.
Intensidade de sessões de treinamento e jogos oficiais de futebol
Autores:
Daniel Barbosa COELHO
Vinícius de Matos RODRIGUES
Luciano Antonacci CONDESSA
Lucas de Ávila Carvalho Fleury MORTIMER
Danusa Dias SOARES
Emerson SILAMI-GARCIA
Resumo - (Original do Artigo)
O objetivo desse estudo foi identificar e comparar a IE de duas sessões de treinamento (coletivo e campo reduzido) com a IE de jogos de uma competição oficial de futebol. A freqüência cardíaca (FC) de oito atletas juvenis, pertencentes a um clube da primeira divisão do futebol brasileiro, foi medida e registrada durante duas sessões de treinamento (coletivo e campo reduzido) e durante seis jogos de uma competição oficial. A IE registrada nos jogos da competição oficial (166 + 3 bpm e 84 + 1,3 %FCmáx) foi maior em comparação com a IE registrada durante o treinamento coletivo (150 + 3 bpm e 75 + 1,8 %FCmáx). Não houve diferença entre a IE dos jogos da competição oficial e a IE do treinamento em campo reduzido (157 + 5 bpm e 79 + 2,6 %FCmáx). A semelhança entre as IEs do treinamento em campo reduzido e dos jogos oficiais registradas no presente estudo sugere que esta atividade pode ser utilizada como um estímulo específico de treinamento aeróbico para o futebol.
FREQUÊNCIA CARDÍACA EM JOGO OFICIAL
FREQUÊNCIA CARDÍACA EM JOGO REDUZIDO
FREQUÊNCIA CARDÍACA EM JOGO COLETIVO
Discussão - (Original do Artigo)
Identificou-se no presente estudo que a IE, representada como bpm e %FCmáx, foi menor em jogos coletivos de futebol, freqüentemente utilizados para treinamentos, em comparação com jogos oficiais desta modalidade. Já o treinamento em campo reduzido produziu valores de FC semelhantes aos valores de FC dos jogos oficias. Essa característicase manteve quando os valores de FC foram apresentados em bpm ou %FCmáx. A partir dos resultados obtidos pôde-se identificarque as sessões de treinamento avaliadas foram realizadas em uma IE intermediária (70-85 %FCmáx) para atletas de futebol (COELHO, 2005; HELGERUDet al., 2001), e consideradas como alta para indivíduos saudáveis (ACSM, 1998). Entretanto, HOFF et al. (2002) registraram uma IE de 91,3 %FCmáx em um jogo em campo reduzido com duas equipes compostas por cinco jogadores cada e com constante reposição de bola. É possível que a menor IE encontrada no presente estudo seja devido ao maior número de atletas em cada equipe em comparação com HOFF et al. (2002). Com isso, os jogadores teriam uma menor participação efetiva no jogo, o que diminuiria a IE realizada por cada atleta.
Esse fato foi descrito por SASSI, REILLY e IMPELLIZZERI (2004), que registraram uma maior IE no treino com equipes compostas por quatro jogadores em comparação com o treino com equipes compostas por oito jogadores. Além de HOFF et al. (2002), outros estudos investigaram a IE de jogos de futebol em campo reduzido. CAPRANICA et al. (2001) identificaram a IE realizada por jogadores de futebol de 11 anos de idade, enquanto MILES et al. (1993) registraram a IE em um jogo feminino com quatro jogadoras.No entanto, a IE avaliada nos dois estudos citados foi apresentada em valores absolutos de FC e não valores relativos de %FCmáx, como recomendado (KARVONEN & VUORIMAA, 1988), dificultando a comparação com o presente estudo. Os resultados do presente estudo diferem do estudo de ENISELER (2005), que encontrou valores de FC menores em treinamentos em campo reduzido (135 ± 28 bpm) em comparação com jogos oficiais (157 ± 19 bpm). Essa diferença pode ser devido ao fato de que ENISELER (2005) utilizou 11jogadores em cada equipe, ao contrário do presente estudo que utilizou oito jogadores.
Como demonstrado por SASSI, REILLY e IMPELLIZZERI (2004), um número maior de atletas nos jogos em campo reduzido faz com que a IE do treinamento diminua. Além disso, a IE registrada por ENISELER (2005) no treinamento em campo reduzido (135 ±28 bpm) foi menor em comparação com o presente estudo (157 ± 5 bpm e 79 ± 2,6 %FCmáx). No entanto, essa comparação torna-se difícil já que ENISELER (2005) também não apresentou osresultados em valores relativizados como %FCmáx, As linhas escuras no eixo X sob a linha de FC representam a duração de cada fase e a FC média durante cada uma das cinco fases do treinamento em que o atleta participou é apresentada sobre as mesmas.
COELHO, D.B. et al.o que seria mais adequado (KARVONEN & VUORIMAA,1988).De acordo com BARBANTI, TRICOLI e UGRINOWITSCH (2004), seria interessante para o desempenho em uma modalidade esportiva, que a IE do treinamento fosse similar ou maior do que aquela imposta nas situações de competição. Portanto, a semelhança entre as IEs do treinamento em campo reduzido e dos jogos oficiais registradas no presente estudo sugere que um estímulo específico de treinamento aeróbico para essa modalidade foi alcançado nesta atividade. Já ESTEVELANAO, FOSTER, SEILER e LUCIA (2007) não identificaram que as altas intensidades fossem fatores determinantes no aumento do rendimento de corredores espanhóis de meio-fundo, ao monitorar grupos que treinaram com programas com intensidades diferentes por um longo tempo (cinco meses). Deve-se considerar a diferença entre as especificidades da modalidade avaliada no presente estudo, classificada como intermitente de altaintensidade relativo também a fatores como força e velocidade determinantes, e as corridas. Tendo sido identificado que a IE dos treinamentos em campo reduzido representada em valores absolutos e relativizados não foi diferente da IE de jogos oficiais, supõe-se como implicação deste achado, que estas atividades podem representar um estímulo de treinamento aeróbio semelhante (HOFF et al., 2002) ou, às vezes, até mais intenso e específico para o futebol em comparação com outros tipos de treinamentos, como o treinamento aeróbico intervalado (SASSI, REILLY & IMPELLIZZERI, 2004). Pode-se sugerir também que jogos em campo reduzido podem substituir em parte este tipo de treinamento, com o objetivo de manter o condicionamento físico durante a temporada competitiva (REILLY & WHITE, 2004).
COELHO, D.B. et al.o que seria mais adequado (KARVONEN & VUORIMAA,1988).De acordo com BARBANTI, TRICOLI e UGRINOWITSCH (2004), seria interessante para o desempenho em uma modalidade esportiva, que a IE do treinamento fosse similar ou maior do que aquela imposta nas situações de competição. Portanto, a semelhança entre as IEs do treinamento em campo reduzido e dos jogos oficiais registradas no presente estudo sugere que um estímulo específico de treinamento aeróbico para essa modalidade foi alcançado nesta atividade. Já ESTEVELANAO, FOSTER, SEILER e LUCIA (2007) não identificaram que as altas intensidades fossem fatores determinantes no aumento do rendimento de corredores espanhóis de meio-fundo, ao monitorar grupos que treinaram com programas com intensidades diferentes por um longo tempo (cinco meses). Deve-se considerar a diferença entre as especificidades da modalidade avaliada no presente estudo, classificada como intermitente de altaintensidade relativo também a fatores como força e velocidade determinantes, e as corridas. Tendo sido identificado que a IE dos treinamentos em campo reduzido representada em valores absolutos e relativizados não foi diferente da IE de jogos oficiais, supõe-se como implicação deste achado, que estas atividades podem representar um estímulo de treinamento aeróbio semelhante (HOFF et al., 2002) ou, às vezes, até mais intenso e específico para o futebol em comparação com outros tipos de treinamentos, como o treinamento aeróbico intervalado (SASSI, REILLY & IMPELLIZZERI, 2004). Pode-se sugerir também que jogos em campo reduzido podem substituir em parte este tipo de treinamento, com o objetivo de manter o condicionamento físico durante a temporada competitiva (REILLY & WHITE, 2004).
Já o treinamento coletivo produziu uma IE menor em comparação com os jogos oficiais. Mesmo essa sendo uma atividade comumente utilizada nos treinamentos e de grande valor para o aperfeiçoamento técnico e tático dos jogadores, pode não representar um estímulo tão eficiente no aperfeiçoamento e manutenção da capacidade aeróbia.
Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, v.22, n.3, p.211-18, jul./set. 2008
Grande Abraço
Luis Esteves
3 comentários:
Excelente artigo.
Equipe que realizou este estudo é do CENESP (Centro De Excelência Esportiva) da UFMG, departamento de fisiologia, o LAFISE.
Alguns destes são/serão meus professores lá.
Grande Abraço.
Vejo poucos artigos em relação a campo reduzido e sua particularidade de treinar diversas qualidades físicas... acredito que este é um assunto um tanto quanto obscuro ainda, muito do que sabemos e o que parte apenas de nossa analíse subjetiva e empírica. Quanto ao artigo, já tinha lido ele uma vez e o utilizado em alguns trabalhos, muito bem documentado e feito, paraéns aos autores.
Sugiro uma leitura de apoio a partir da metodologia dos jogos condicionados (não apenas do futebol), que tem talvez como livro-chefe 'Escola da Bola' de autores alemães (NÃO RECORDO O NOME, DESCULPEM-ME)!
Mais tarde, retorno com mais opiniões
Gilson
Gilson, os autores são O Christian Kroger e o Klaus Roth, há uma versão traduzida e revisada pelo Professor Pablo Juan Greco da UFMG, aliás, eu e o Gustavo tivemos uma disciplina esse semestre baseada nessa perspectiva com o professor Pablo. Foi muito produtiva. Recomendo o livro I.E.U também. Abraços.
Marcelo Padilha Jr
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