" As equipes devem saber atacar e defender. Algumas sabem algo mais: Fazer transições."
Jorge Valdano2001
EC Cruzeiro
Equipe Sub-14
Campeonato Estadual 2010
TRANSIÇÕES E ORGANIZAÇÕES
Vídeo que demonstra alguns comportamentos relacionados a um modelo de jogo, no caso o da categoria sub-14 do EC Cruzeiro de Porto Alegre (Ver vídeo aqui ). No jogo em questão tivemos que adaptar o nosso modelo que é por natureza mais dominante, para um modelo mais controlador, já que em termos qualitativos nossa equipe era inferior ao adversário. Nota-se aqui a importância vital da análise de jogo para a definição da postura da equipe no jogo a seguir. O objetivo desse post é valorizar as transições quando não é possível ter uma organização ofensiva tão valumosa quanto gostaríamos, por motivos de qualidade adversária, falta de qualidade do campo, espaço, dentre outras... transições bem feitas são quase sinônimos de gols, ou de defesa menos vazada.
Saindo deste assunto para um muito próximo, vou entrar na montagem da estratégia para um jogo de forma simples. baseado em um jogo nosso, em que atingimos um resultado de 3x3 jogando fora de casa, em uma partida em que tínhamos muito pouca chance de sucesso, quero falar sobre isso para ressaltar a importãncia da análise de jogo, das transições e da eficácia na finalização.
Vamos lá, seguimos passos simples para a criação de superioridade nossa dentro do jogo, com o objetivo de neutralizar os mecanismos do adversário, e gerar mecanismos nossos para explorar as situações que podem ocorrer.
Passos principais:
1 PASSO - A AVALIAÇÃO DO ADVERSÁRIO
GRÊMIO FBPA 4 X 1 EC CRUZEIRO (SUB15, neste jogo a equipe Sub-14 do Grêmio enfrentou a nossa equipe sub-15)
GRÊMIO FBPA 3 X 1 EC JUVENTUDE
Para avaliar o adversário é necessário ve-lo, se possivel no mínimo 3 vezes, 5 ou 7 jogos são mais do que suficiênte para a detecção do comportamento padrão, dos mecanismos ofensivos e defensivos de determinada equipe. Vídeos são interessantes, porém a análise em campo é muito superior, pois em vídeos é normal o corte de setores quando a filmagem pega lances nas extremidades da equipe, o que nós possibilita um ângulo ruim de avaliação. Porém um é melhor que zero, e se puder ver apenas um jogo, já servirá para criar um planejamento estratégico para o jogo em questão.
Após essa avaliação qualitativa e quantitativa, chegamos a estrutura e aos comportamentos do adversário nos quatro momentos do jogo:
Exemplo do jogo - Grêmio FBPA 3 x 1 EC Juventude:
Exemplo da equipe do Grêmio com e sem bola. É importante identificar o comportamento nas transições, pois afetará diretamente o modelo, se a equipe adversária for superior, e em alguns casos se for inferior também. As equipes apresentam determinados mecanismos dentro da estrutura, ofensivos e defensivos, é necessário visualizar isso para neutralizar alguns e potencializar outros, baseado em pontos fortes e fracos do adversário.
2 PASSO - A AVALIAÇÃO DA PRÓPRIA EQUIPE EM RELAÇÃO AO ADVERSÁRIO
Após identificar os comportamentos da equipe, podemos prever determinadas situações que poderão ocorrer no jogo. No caso citado, chegamos a conclusão de que nosso modelo e equipe eram inferiores ao adversário e a competição (perdemos o jogo anterior por 4x0), então tivemos que modificar nossa postura para dentro disso gerar situações favoráveis a nossa equipe.
É muito importante ser realista nesse momento, porém sem excessos, para ganhar é necessário atacar, porém há diversas formas de atacar, e uma delas é atacar bem. Em casos em que a sua equipe é inferior a do adversário, o melhor modelo é o de espera e contra ataque. (Aliás, a última copa tem sido uma aula disso, basta ver Eslováquia, Suiça, Paraguai, Alemanha, dentre outros...).
Já dizia o Sun Tzu a um tempo atrás: Se você conhece a sí mesmo...etc, então é necessário, para se ter sucesso, conhecer as possibilidades ao máximo e tentar explora-las,
3 PASSO - A DEFINIÇÃO DA POSTURA
Definidas as possibilidades (que podem não acontecer pois o futebol é um jogo imprevisível), chegamos a montagem da estratégia para o jogo em questão. Exemplificamos nossa postura contra o Grêmio:
Tentativa de Neutralizar o forte, e Explorar o fraco.
No caso dessa avaliação, prevímos o comportamento dos jogadores após dois jogos de avaliação. Sabíamos que existia 3 possibilidades: 1-Jogarem com a equipe principal, 2- jogarem com a equipe reserva, 3- Jogarem com uma categoria abaixo (97). Dentro disso preparamos os jogadores para estas 3 possibilidades, afim de que nenhuma delas fosse um agente estressante para a equipe na prévia do jogo. lógico que seria diferente o comportamento da equipe A referente a equipe B, princípalmente em níveis de maturação, porém o funcionamento do modelo de jogo do Grêmio, e a visualização disso de forma clara, nos ajudou muito a detectar e explorar algumas situações. Como ponto forte detectamos a aproximação do jogador número (11), quando com bola, no espaço entre as linhas de ataque e de meio, espaço este vazio sem a bola. Este era um fator de desequilíbrio. Outro ponto forte seria a entrada diagonal e frontal do meia Esquerda (10), Outro ponto forte era a retirada da bola da zona de pressão feita pelo jogador número (5). os outros jogadores também preocupavam, porém nestes a equipe se destaca. Como ponto fraco detectamos a menor qualidade do zagueiro pelo lado esquerdo e a baixa confiança do lateral equerdo.
Porém, como hipótese esperada, a equipe que entrou em campo era mista, e o lateral equerdo que esperávamos ser o ponto fraco, virou um ponto forte, pois entrou alí um jogador de alta qualidade, porém, sua constãncia maior no apoio continuou nos proporcionando o planejamento inicial, pois deixava um espaço grande para explorar, e no mesmo lado, jogando na meia, estava o lateral que esperávamos que jogasse, ou seja, era algo possitivo ainda. É muito importante a detecção do modelo e do comportamento adversário para definir a estratégia. Quando se tem uma equipe inferior, muito poucas chances irão aparecer na partida, portanto o percentual de acertos tem que ser muito alto para que haja sucesso, é importante os jogadores saberem disso, e a bola parada nestes casos vira uma das melhores alternativas, quando não a única.
É importante falar também da relação Controle x Domínio. As vezes queremos dominar, porém não temos força pra isso, então o melhor é controlar, e controlar significa as vezes deixar o adversário jogar em uma zona que é boa para nós, condicionar ele a uma posse inofensiva, isso é o controle, o domínio é entrar no campo do adversário e jogar lá finalizando quando bem entender, e isso é para equipes com qualidade técnica e coletiva bem destacadas. Equipes menores podem dominar? podem, porém esse domínio será influenciado por muitos componentes, dentre eles momento do adversário, local, campo, torcida, competição, etc.. o mais comum é adversários menores controlarem, ganhando o jogo no erro da equipe superior.
Outo ponto importante é a previsão de alterações para determinados rumos que a partida pode levar. Por exemplo:
O quê será feito se levarmos um gol?
O que será feito se fizermos um gol?
Qual a postura se perdermos um jogador expulso?
Qual a postura se o adversário tiver um jogador expulso?
Qual a postura em relação a arbitragem?
Qual a intervenção do intervalo (mais difícil de prever pois dependerá do que acontecer no 1º tempo)?
Que alterações podem acontecer?
Possíveis lesões e substituições?
Mudança de estrutura?
Este planejamento sempre é interessante, o improviso na hora do jogo pode levar a um erro grosseiro.
4 PASSO - O TREINO
Após a definição do adversário , e a avaliação de nossa equipe perante isso estarem prontas, chegamos ao treino, é muito importante treinar isso progressivamente, respeitando os princípios do Morfociclo. No casso do nosso treino, criamos situações muito p´roximas do que acreditávamos que iria acontecer, e desenvolvemos no caso um mecanismo defensivo novo e um ofensivo.
No caso do defensivo, colocamos um jogador sobrando no meio campo, esperando pela movimentação do atacante 11, que acabou não jogando, porém outro jogador fez esta função, o que nos ajudou muito. Este jogador também tinha alguns encargos de cobertura no caso do nosso mecanismo ofensivo. Este mecanismo ofensivo consistia em apenas atacar o lado esquerdo do adversário (nosso lado direito) concentrando todos os jogadores de ataque neste lado, criando um Losango de apoio para a finalização. Só havia este movimento e somente ele foi treinado, É redutor do ponto de vista criativo do jogo, porém para fins de sobrevivência na competição fomos obrigados a adotar esse modelo. Com a bola tínhamos a convicção de mante-la rapidamente com dois ou três passes, e gerar uma ligação por cima ou por baixo, nos nossos atacantes, para que eles criassem outras situações programadas. Tívemos êxito nisso e conseguimos realizar alguns lances que nos possibilitaram gols importantes. A bola parada treinada também resultou em gol, nas poucas oportunidades que tivemos. Para esse jogo treinamos apenas um movimento ofensivo.
5 PASSO - O JOGO
Eis aqui alguns lances da partida, o jogo terminou 3x3, neste vídeo não estão dois lances de gol do Grêmio, sendo que o segundo gol foi resultado de um escanteio, em um bate-rebate, e o terceito gol foi resultado de uma cobrança de falta frontal.
GRÊMIO FBPA 3 X 3 EC CRUZEIRO
SUB-14
ESTADUAL 2010
Não estou conseguindo postar o vídeo, porém clicando neste link você pode ver pelo Youtube:
Grande abraço
Luis Esteves
la_futeboll@hotmail.com
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